*Por Bruno Primati, diretor de Food na Linx
A automação e a inteligência artificial trazem ganhos significativos em eficiência, sustentabilidade e rentabilidade para o Food Service. Um dos principais impactos dessa transformação é a redução do desperdício de alimentos, um desafio global que, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), representa cerca de um terço de toda a comida produzida no mundo.
No Brasil, o cenário não é diferente. Bares e restaurantes estão buscando ações sustentáveis para atender consumidores cada vez mais exigentes em relação ao desperdício de alimentos. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em parceria com o Sebrae revelou que 74% dos clientes consideram muito importante que o estabelecimento tenha práticas que minimizem ou reduzam o impacto do negócio no meio ambiente.
Diante desse cenário, a tecnologia tem se mostrado uma aliada essencial para enfrentar o problema do desperdício e otimizar a gestão de bares, restaurantes e redes de alimentação. Isso porque a digitalização do consumo é uma realidade crescente. De acordo com uma pesquisa recente da PwC, mais da metade dos brasileiros já utilizam ferramentas digitais e Inteligência Artificial para planejar ou realizar suas compras de alimentos, o que evidencia a influência da tecnologia nas decisões de compra e o avanço do setor rumo à transformação digital. Esse comportamento também pressiona os estabelecimentos a investirem em soluções inteligentes para acompanhar as novas expectativas dos clientes, cada vez mais atentos à origem, sustentabilidade e eficiência no uso dos recursos.
No ambiente operacional, a automação tem se tornado peça-chave para reduzir perdas e aumentar a produtividade. Segundo levantamento da Fispal Tecnologia em parceria com o Food Connection, aproximadamente 29% das empresas do setor de alimentos e bebidas no Brasil já utilizam automação com IA ou robótica, seja no controle de estoque, no preparo de pratos ou na gestão de pedidos. Essas tecnologias permitem maior precisão nos processos e um controle mais apurado sobre os insumos, o que se traduz em menos desperdício e em melhores margens de lucro.
Através da automação e IA, é possível realizar uma previsão de demanda mais assertiva e, consequentemente, fazer um abastecimento de estoque mais eficiente, evitando o desperdício. Os cardápios também podem ser adaptados de acordo com as informações de preferências dos clientes fornecidas pela tecnologia. Assim, é possível oferecer um menu mais agradável ao consumidor e ainda ter um estoque equilibrado, com menos produtos descartados.
Ao reduzir o desperdício de insumos e melhorar a precisão nas compras, o setor consegue elevar sua margem operacional e, ao mesmo tempo, minimizar custos ocultos ligados a armazenamento, energia e descarte. Em um segmento em que a redução de custos é determinante para a sobrevivência, a automação surge como uma ferramenta indispensável para manter a competitividade.
Em um mercado cada vez mais sensível a temas como a sustentabilidade, investir em automação e IA deixou de ser tendência e passou a ser uma necessidade estratégica. A tecnologia está permitindo que os gestores de Food Service tenham uma visão mais completa de suas operações, tomem decisões baseadas em dados e reduzam drasticamente o desperdício de alimentos. Para além da digitalização dos bares e restaurantes, esta é uma transformação de mentalidade, que une inovação, responsabilidade e eficiência para construir um setor mais moderno e sustentável.
