E-commerce
Fórum ECBR 2023: confira os principais insights do evento
O Fórum ECBR 2023, realizado no Transamérica Expo Center, em São Paulo, nos dias 25, 26 e 27 de julho,
Da crise climática ao Metaverso, passando pela Web3 “invisível” e muito mais, veja os grandes temas que o Web Summit 2022 apresenta para o varejo
O escritor William Gibson disse certa vez que “o futuro já está aqui, só não está bem distribuído”. Em nenhum lugar do mundo essa frase é tão real quanto no Web Summit, o maior evento de inovação do planeta, que acontece anualmente em Lisboa. A edição 2022 mostrou um grande amadurecimento de inovações que há 12 meses eram pouco mais que ideias – e o evento indica muitos caminhos para a evolução do varejo brasileiro.
Durante três dias e meio, mais de 71 mil pessoas passaram pelos mais de 200 mil metros quadrados do Web Summit, acompanhando 1.050 palestrantes em 26 trilhas de conteúdo e visitando quase 2.500 startups de todos os cantos do mundo. É uma imersão que mostra claramente que o futuro já está sendo traçado, neste momento, por essas empresas. E que participar do Web Summit mostra para onde o varejo brasileiro e mundial irá na próxima década.
Tirando de cena inovações que ainda estão muito distantes e dando foco para tendências às quais o varejo brasileiro precisa estar atento – e muito em breve precisará tomar decisões estratégicas -, 5 grandes temas se sobressaíram no Web Summit 2022. Você está pronto para mergulhar na inovação?
É como diz a música de Alceu Valença: “tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais”. Em 12 meses, o Metaverso deixou de ser uma cortina de fumaça lançada pelo Facebook para tirar o foco de seus problemas de privacidade da informação e assumiu o status de tendência inevitável. O que não significa que a Meta (ex-Facebook) terá necessariamente uma posição de destaque.
“Vemos que o Metaverso não será dominado por uma única empresa. Na verdade, ele será composto pelas experiências de múltiplos ambientes imersivos interligados”, afirmou, em sua apresentação, Naomi Gleit, Head de Produto da Meta. E ambientes imersivos foram propostos em dezenas de painéis no Web Summit, abrangendo da moda ao agronegócio, da educação às finanças.
Para que esse Metaverso efetivamente descentralizado aconteça, ele depende de padrões e protocolos aceitos por toda a indústria. Assim como a internet só deslanchou depois que o HTML e o HTTP se tornaram universais, o Metaverso precisará de padronização para que os players possam desenvolver suas plataformas – e para que os usuários possam navegar de forma simples de um universo imersivo para outro. É isso que a OMA3 está propondo: uma entidade formada pelos principais desenvolvedores já envolvidos no Metaverso (como The Sandbox e Decentraland) para definir padrões e protocolos de interoperabilidade.
Realizar a última milha do delivery foi um dos grandes motores do crescimento de empresas no e-commerce durante a pandemia. Mas ficou claro, no Web Summit, que os players precisarão pivotar seus negócios se quiserem sobreviver.
Um bom exemplo é o da Gorillas, um dos principais players de quick commerce do norte da Europa. A empresa via, antes da pandemia, 34 concorrentes em seu mercado. Depois de dois anos, sobraram apenas 4 – e há espaço para mais consolidação. Para Kagan Sümer, CEO da empresa, dois fatores são essenciais para a sobrevivência. “ficará no mercado quem tiver um investidor de porte por trás e já for lucrativo ou estiver prestes a ser”, afirma. Não há espaço para crescer sem lucrar.
Mais ainda: o setor caminha para uma reinvenção de seu conceito. “Percebemos que brigar para entregar em 10, 9, 8 minutos não faz sentido, pois queima dinheiro e esse não é o fator essencial para uma parcela imensa dos clientes, que estão satisfeitos com o delivery em 15 ou 20 minutos”, comenta. Além disso, é hora de buscar novas linhas de receita. “Enxergamos pelo menos três novas avenidas de crescimento: desenvolvimento de itens de marca própria, serviços de inteligência de dados e oportunidades de mídia para a indústria”, explica.
A sustentabilidade foi um tema inevitável no Web Summit – mas não em uma abordagem ESG, e sim como um driver de inovação essencial para o futuro dos negócios. Em dezenas de apresentações, a tônica foi: já estamos vivendo uma crise climática e não existe uma “bala de prata”, uma solução única. Cada um, em cada setor, precisa fazer sua parte.
Essa percepção se refletiu de diversas maneiras. A Smartex, vencedora do concurso de startups do ano passado, contou que, nos últimos 12 meses, recebeu US$ 24,9 milhões em aportes e que seu foco está na construção de uma cadeia de suprimentos com zero desperdício e carbono negativa.
Na InBev, gigante mundial de bebidas, a sustentabilidade é incorporada ao design dos produtos. “Esse é um desafio de inovação e de reinvenção da forma como fazemos negócios. Hoje, 90% de nossos produtos usam matérias-primas locais, são produzidos localmente e utilizados na mesma região onde são fabricados. É um grande negócio local”. Para manter esse negócio vivo, a empresa vem investindo em projetos de cuidado com a água em 70 países, além de trabalhar com pequenos agricultores que fazem parte de sua rede para reduzir o impacto das mudanças climáticas.
No que depender do que foi visto no Web Summit, a cadeia de suprimentos passará por uma mudança ainda mais radical que a que vivemos nos últimos anos. Falar em robôs em Centros de Distribuição já não é uma novidade e existem diversos projetos-piloto com caminhões autônomos. Mas tudo isso crescerá de forma exponencial.
Os avanços de sensores e IoT, conectados às estruturas de blockchain e potencializados por tecnologias como robôs, carros autônomos e veículos elétricos, criarão modelos inovadores de supply chain. Novamente, não existe uma solução única – toda empresa deverá encontrar seu caminho, alinhando aspectos ambientais, financeiros e tecnológicos. “Temos uma tremenda oportunidade para desenhar um novo ecossistema de alimentação no mundo”, afirma Praveen Penmetsa, fundador e CEO da Monarch Tractor, startups que atua em operações de agricultura sustentável.
A economia do Metaverso e as inovações que chegarão de forma exponencial nos próximos anos dependem de uma nova arquitetura tecnológica. E a Web3, baseada em blockchain, criptomoedas e DAOs (Organizações Autônomas Descentralizadas), é o caminho para a construção de um futuro diferente.
Mas, para que a Web3 se torne onipresente, ela precisa desaparecer. “Quanto mais falamos na tecnologia, mais isolamos a maior parte dos possíveis usuários, que só querem utilizar o produto ou serviço que está baseado em Web”, afirma Marieke Flament, CEO da Near Foundation. “Não temos que falar para o cliente sobre a tecnologia, precisamos focar em resolver problemas”, afirma.
Deixe de lado as buzzwords e foque na solução dos problemas de seus clientes. Essa foi a grande mensagem trazida pelo Web Summit 2022 para o varejo brasileiro e mundial.
Você também pode conferir uma live exclusiva com Tiago Mello, CMO e CPO da Linx comentando o Web Summit 2022 abaixo, aproveite!